Numa instalação restrita nas Filipinas, o técnico multiesportivo trata seres humanos como cavalos, e não se priva de um ocasional ataque histérico. Ele trabalha para algumas pessoas - inclusive para Chrissie Wellington, a atual bicampeã do Ironman do Havaí -, mas seus críticos dizem que ele mais quebra do que forma campeões
EM OUTUBRO DE 2007, assisti a uma ex-ambientalista de Suffolk, Inglaterra — Chrissie Wellington, uma moça alegre que é chamada carinhosamente de Muppet pelos amigos —, vencer o Ironman do Havaí. Nenhum dos experts do mundial de Kona havia ouvido falar dela, e quando a atleta tomou a liderança pouco depois da metade da prova, estávamos certos de que ela quebraria. Novatos não costumam ter vez no Havaí, mas Chrissie dominou a prova, terminando os 3.800 metros de natação, os 180 quilômetros de bike e os 42.195 metros de corrida em 9h8min45s, 5 minutos à frente da segunda colocada, Samantha McGlone.
Numa coletiva de imprensa na mesma tarde, descobrimos que Chrissie havia, discretamente, corrido e ganhado seu primeiro Ironman, o da Coréia, sete semanas antes do Havaí, o que era um feito e tanto, mas nada comparado à sua vitória na final do campeonato mundial de Ironman. Igualmente intrigante era o fato de que ela havia se tornado uma profissional, treinando seriamente, havia apenas nove meses. A uma certa altura dos acontecimentos, Chrissie aproveitou um momento para agradecer seu treinador, que não estava lá, mas cujo nome era bem familiar para as pessoas do meio: Brett Sutton. E com isso, a reação a sua proeza transformou-se de “como foi que isto aconteceu?” para “ah...”. Desde então, ela tem provado que não foi sorte de principiante. No começo de 2008 ela venceu o Ironman da Austrália e o da Alemanha. E quando voltar a Kona em outubro, ela é a favorita a defender seu título no maior evento de triathlon. [Dias depois da publicação desta matéria na Outside norte-americana, em outubro de 2008, Chrissie venceu novamente no Havaí]
BRETT É UM australiano de 49 anos, que vem formando triatletas de elite há quase 20 anos, entre eles Chrissie, Loretta Harrop, Greg Bennett, entre outros. Em provas longas e curtas, seus pupilos venceram uns 15 campeonatos mundiais e ganharam duas medalhas olímpicas. Ele é amplamente considerado o melhor e menos ortodoxo treinador do esporte.
Brett é abertamente contra as tendências do triathlon moderno. A maior parte dos seus colegas detém diplomas de ciência do exercício, ainda corre as provas e adora tecnologias, como medidores de potência e monitores cardíacos. Brett abandonou a escola no ensino médio, nunca correu uma prova e não respeita brinquedinhos tecnológicos. Ele diz que eles não são úteis numa busca puramente aeróbica, como o triathlon. Em vez disso, ele aplica os fundamentos de desempenho que aprendeu no começo de sua carreira como técnico de natação ou treinador de cavalos e cães de corrida. Ele é famoso por ser ditatorial. A piadinha preferida é dizer que sua fórmula secreta é tratar pessoas como animais.
Mas, pelos últimos dez anos, Brett tem sido excluído do esporte, devido a um crime pelo qual foi preso em 1997, quando era técnico da equipe australiana de triathlon, enquanto esta se preparava para a estréia do esporte nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. Em 1999 ele confessou ter mantido repetidas relações sexuais com uma nadadora que ele treinava em 1987 — quando ele tinha 27 anos e ela 14. As investigações após sua prisão demonstraram que este episódio foi um caso isolado, e que, aparentemente, Brett não era um pedófilo serial. Ele foi condenado a dois anos de prisão com pena suspensa por assediar sexualmente uma menor, e sofreu uma penalidade de três anos da União Internacional de Triathlon e da Triathlon Australia, entidades dirigentes associadas ao COI.
Numa coletiva de imprensa na mesma tarde, descobrimos que Chrissie havia, discretamente, corrido e ganhado seu primeiro Ironman, o da Coréia, sete semanas antes do Havaí, o que era um feito e tanto, mas nada comparado à sua vitória na final do campeonato mundial de Ironman. Igualmente intrigante era o fato de que ela havia se tornado uma profissional, treinando seriamente, havia apenas nove meses. A uma certa altura dos acontecimentos, Chrissie aproveitou um momento para agradecer seu treinador, que não estava lá, mas cujo nome era bem familiar para as pessoas do meio: Brett Sutton. E com isso, a reação a sua proeza transformou-se de “como foi que isto aconteceu?” para “ah...”. Desde então, ela tem provado que não foi sorte de principiante. No começo de 2008 ela venceu o Ironman da Austrália e o da Alemanha. E quando voltar a Kona em outubro, ela é a favorita a defender seu título no maior evento de triathlon. [Dias depois da publicação desta matéria na Outside norte-americana, em outubro de 2008, Chrissie venceu novamente no Havaí]
BRETT É UM australiano de 49 anos, que vem formando triatletas de elite há quase 20 anos, entre eles Chrissie, Loretta Harrop, Greg Bennett, entre outros. Em provas longas e curtas, seus pupilos venceram uns 15 campeonatos mundiais e ganharam duas medalhas olímpicas. Ele é amplamente considerado o melhor e menos ortodoxo treinador do esporte.
Brett é abertamente contra as tendências do triathlon moderno. A maior parte dos seus colegas detém diplomas de ciência do exercício, ainda corre as provas e adora tecnologias, como medidores de potência e monitores cardíacos. Brett abandonou a escola no ensino médio, nunca correu uma prova e não respeita brinquedinhos tecnológicos. Ele diz que eles não são úteis numa busca puramente aeróbica, como o triathlon. Em vez disso, ele aplica os fundamentos de desempenho que aprendeu no começo de sua carreira como técnico de natação ou treinador de cavalos e cães de corrida. Ele é famoso por ser ditatorial. A piadinha preferida é dizer que sua fórmula secreta é tratar pessoas como animais.
Mas, pelos últimos dez anos, Brett tem sido excluído do esporte, devido a um crime pelo qual foi preso em 1997, quando era técnico da equipe australiana de triathlon, enquanto esta se preparava para a estréia do esporte nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. Em 1999 ele confessou ter mantido repetidas relações sexuais com uma nadadora que ele treinava em 1987 — quando ele tinha 27 anos e ela 14. As investigações após sua prisão demonstraram que este episódio foi um caso isolado, e que, aparentemente, Brett não era um pedófilo serial. Ele foi condenado a dois anos de prisão com pena suspensa por assediar sexualmente uma menor, e sofreu uma penalidade de três anos da União Internacional de Triathlon e da Triathlon Australia, entidades dirigentes associadas ao COI.
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