Fonte: http://www.oglobo.com.br/
Foto de Alexandre Ribeiro com a galera do IronMania
Com o tempo total de 22h10m12s, o triatleta brasileiro Alexandre Ribeiro, de 44 anos, conquistou ontem o seu quarto título no Campeonato Mundial de Ultraman, em Big Island, no Havaí. Foram três duros dias de prova e um total de 515km percorridos de natação, ciclismo e corrida. Esta foi a quinta participação do brasileiro no Ultraman, desafio que já havia vencido em 2003, 2005 e 2008, e chegado em segundo em 2007. Em segundo e terceiro lugares ficaram, respectivamente, o esloveno Miro Kregar (22h39m14s) e o tcheco Peter Kotland (23h04m56s).
A 25a edição do Mundial de Ultraman começou na última sexta e terminou ontem, por volta das 21h (de Brasília). A prova acontece todos os anos sempre no feriado de Ação de Graças (Thanksgiving) e compreende 10km de natação (no primeiro dia), 421km de ciclismo (sendo 145km no primeiro dia e 276km no segundo) e 84km de corrida, o que equivalente a uma dupla maratona (no terceiro e último dia).
Muito feliz e emocionado, Ribeiro dedicou a vitória aos três filhos: Kaillani, de 12 anos, Kaipo, de 7, e Maila, de 4, todos batizados com nomes havaianos. Esta vitória foi ainda mais especial para o atleta, que levou este ano os dois filhos mais velhos para fazerem parte do seu staff na prova. Ribeiro também agradeceu ao amigo José Carlos Ponciano, que ao lado de Kaillani e Kaipo completou sua equipe de apoio na prova. O trio foi responsável pela hidratação, alimentação e incentivo durante os três longos dias de prova.
“Este ano foram muitas surpresas. As condições climáticas ajudaram e fizemos uma natação maravilhosa no primeiro dia, conseguindo baixar os tempos na etapa. Isso nos estimulou para as fases seguintes, mas como o que é bom dura pouco, pedalamos boa parte do ciclismo do primeiro dia com vento contra na cara. No segundo dia, tive um ótimo desempenho nos 276km restantes de bike e assumi a liderança. Mas no terceiro e último, além de correr novamente com Kregar (o que também aconteceu em 2008) na minha cola por quase 70km , passei muito mal na ultramaratona”, contou Ribeiro após cruzar a linha de chegada, fazendo uma rápida análise desta edição.
O dia a dia da prova
1o dia de prova (sexta, 27/11): 10km de natação, seguidos de 145km de ciclismo
As condições do mar favoreceram os atletas na primeira etapa do desafio, disputada na sexta. A ausência de correntezas fortes, como no ano passado, possibilitou tempos melhores nos 10km de natação. Alexandre Ribeiro foi o nono a sair da água, com o tempo de 2h53m42s. O primeiro a completar o percurso foi o americano Richard Roll, com 2h21m56s. Após a natação, os competidores tinham pela frente, ainda neste primeiro dia, 145km de bike. Forte no pedal, o brasileiro completou o ciclismo em 5h14m56s, melhor tempo da etapa. E com isso, se recuperou e já fechou o primeiro dia de prova em terceiro na classificação geral, com um total de 8h08m38s, cerca de 11 minutos atrás do primeiro colocado, Richard Roll, e apenas um minuto e meio atrás do segundo, o australiano Mike Le Roux.
Segundo Ribeiro, a maior dificuldade do primeiro dia foram os fortes ventos frontais e com rajadas laterais, que surpreenderam os atletas da metade do percurso de ciclismo em diante e exigiram ainda mais força nas pernas e cuidados redobrados para evitar possíveis quedas.
2o dia de prova: 276km de ciclismo
No segundo dia de prova, os 37 competidores tiveram que enfrentar mais 276km de ciclismo, boa parte deles de subida íngreme em montanha rumo ao famoso Parque Nacional dos Vulcões. Com uma hora e meia de prova, Ribeiro se desgarrou do grupo que até então vinha pedalando junto – formado pelo australiano Mike Le Roux, o tcheco Peter Kotland e o esloveno Miro Kregar - e assumiu a ponta abrindo boa vantagem e pedalando sozinho até o final.
O brasileiro terminou o sábado com a melhor marca da bike (7h30m35s), assumindo assim a liderança da prova com o tempo total de 15h39m13s. Em segundo e terceiro, estavam, respectivamente, o australiano Mike Le Roux (16h02m57s) e o tcheco Peter Kotland (16h17m07s).
3o dia de prova: 84km de corrida
A liderança alcançada no dia anterior e o fato de a corrida ser o seu ponto mais forte no triathlon fizeram com que o brasileiro largasse leve e confiante para a última etapa do ultradesafio: a dupla maratona. Assim como em 2008, ele e o esloveno Kregar correram lado a lado por quase 70km, mas neste ponto o brasileiro sentiu o peso do terceiro dia de esforço supremo, passou mal, vomitou muito e o esloveno assumiu a ponta.
O esloveno completou os 84km de corrida em 6he 20m, e Ribeiro cruzou em segundo, dez minutos depois, cravando 6h30m. Apesar de ter feito o segundo melhor tempo da ultramaratona, Ribeiro, contabilizando os tempos das etapas anteriores, garantiu o título de mais uma edição do Mundial de Ultraman.
Sobre o Ultraman brasileiro
Paranaense radicado no Rio de Janeiro, 44 anos de idade e 26 de carreira, Alexandre Ribeiro é apaixonado desde sempre por provas longas e de endurance. O atleta tem mais de 30 ‘ironmans’ no currículo, sendo 13 mundiais só no Havaí. Nos últimos quatro meses, ele vinha treinando forte e exclusivamente para esta edição do Mundial de Ultraman. Por dia, eram cerca de oito horas de treinos e, por semana, ele chegava a cumprir um total de 30km de natação, 600km de ciclismo e 200km de corrida. Ribeiro considera Big Island, no Havaí, sua segunda casa devido à quantidade de vezes que já esteve lá treinando ou competindo. A estreia foi em 1984, quando, aos 18 anos, começou sua corrida atrás de pódios e recordes. Naquele mesmo ano, ele já foi o atleta mais jovem inscrito no Campeonato Mundial de Ironman, que compreende 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida.
Sobre a competição
Para quem se espanta com as distâncias e tempos de uma prova de Ironman, vale lembrar que a distância de um Ultraman é mais do que o dobro da de um Ironman. Considerado o maior triathlon do planeta, o Mundial de Ultraman no Havaí envolve 10km de natação, 421km de ciclismo e 84km de corrida, disputados ao longo de três dias. Além das distâncias, os competidores enfrentam grandes oscilações de temperatura, que podem chegar a 42 graus, ventos de até 40km/hora, chuva e umidade alta (em torno de 80%), condições que contribuem para aumentar ainda mais o grau de dificuldade da prova.
A competição é realizada em uma variação de altitude que vai do nível do mar a até dois mil metros. Cada etapa da prova deve ser concluída em, no máximo, 12 horas. Os competidores que não conseguirem cumprir o percurso do dia nesse período de tempo são automaticamente desclassificados.
Para participar da extenuante competição, os candidatos a competir na prova têm de ter seus nomes aprovados pela organização e, para tanto, têm que apresentar um currículo daqueles, provando serem capazes de se submeter ao desafio. Daí o número tão reduzido de competidores. É, sem dúvida, uma oportunidade para poucos. Outra curiosidade que vale ser ressaltada é que o Mundial de Ultraman não distribui qualquer premiação em dinheiro, apenas o título e um troféu. Mas para atletas como Alexandre Ribeiro, viciados em aventura e adrenalina, não há nada mais gratificante do que testar os limites do próprio corpo ano após ano e cruzar mais uma linha de chegada.
Outras informações no site oficial da prova: http://www.ultramanlive.com/
A 25a edição do Mundial de Ultraman começou na última sexta e terminou ontem, por volta das 21h (de Brasília). A prova acontece todos os anos sempre no feriado de Ação de Graças (Thanksgiving) e compreende 10km de natação (no primeiro dia), 421km de ciclismo (sendo 145km no primeiro dia e 276km no segundo) e 84km de corrida, o que equivalente a uma dupla maratona (no terceiro e último dia).
Muito feliz e emocionado, Ribeiro dedicou a vitória aos três filhos: Kaillani, de 12 anos, Kaipo, de 7, e Maila, de 4, todos batizados com nomes havaianos. Esta vitória foi ainda mais especial para o atleta, que levou este ano os dois filhos mais velhos para fazerem parte do seu staff na prova. Ribeiro também agradeceu ao amigo José Carlos Ponciano, que ao lado de Kaillani e Kaipo completou sua equipe de apoio na prova. O trio foi responsável pela hidratação, alimentação e incentivo durante os três longos dias de prova.
“Este ano foram muitas surpresas. As condições climáticas ajudaram e fizemos uma natação maravilhosa no primeiro dia, conseguindo baixar os tempos na etapa. Isso nos estimulou para as fases seguintes, mas como o que é bom dura pouco, pedalamos boa parte do ciclismo do primeiro dia com vento contra na cara. No segundo dia, tive um ótimo desempenho nos 276km restantes de bike e assumi a liderança. Mas no terceiro e último, além de correr novamente com Kregar (o que também aconteceu em 2008) na minha cola por quase 70km , passei muito mal na ultramaratona”, contou Ribeiro após cruzar a linha de chegada, fazendo uma rápida análise desta edição.
O dia a dia da prova
1o dia de prova (sexta, 27/11): 10km de natação, seguidos de 145km de ciclismo
As condições do mar favoreceram os atletas na primeira etapa do desafio, disputada na sexta. A ausência de correntezas fortes, como no ano passado, possibilitou tempos melhores nos 10km de natação. Alexandre Ribeiro foi o nono a sair da água, com o tempo de 2h53m42s. O primeiro a completar o percurso foi o americano Richard Roll, com 2h21m56s. Após a natação, os competidores tinham pela frente, ainda neste primeiro dia, 145km de bike. Forte no pedal, o brasileiro completou o ciclismo em 5h14m56s, melhor tempo da etapa. E com isso, se recuperou e já fechou o primeiro dia de prova em terceiro na classificação geral, com um total de 8h08m38s, cerca de 11 minutos atrás do primeiro colocado, Richard Roll, e apenas um minuto e meio atrás do segundo, o australiano Mike Le Roux.
Segundo Ribeiro, a maior dificuldade do primeiro dia foram os fortes ventos frontais e com rajadas laterais, que surpreenderam os atletas da metade do percurso de ciclismo em diante e exigiram ainda mais força nas pernas e cuidados redobrados para evitar possíveis quedas.
2o dia de prova: 276km de ciclismo
No segundo dia de prova, os 37 competidores tiveram que enfrentar mais 276km de ciclismo, boa parte deles de subida íngreme em montanha rumo ao famoso Parque Nacional dos Vulcões. Com uma hora e meia de prova, Ribeiro se desgarrou do grupo que até então vinha pedalando junto – formado pelo australiano Mike Le Roux, o tcheco Peter Kotland e o esloveno Miro Kregar - e assumiu a ponta abrindo boa vantagem e pedalando sozinho até o final.
O brasileiro terminou o sábado com a melhor marca da bike (7h30m35s), assumindo assim a liderança da prova com o tempo total de 15h39m13s. Em segundo e terceiro, estavam, respectivamente, o australiano Mike Le Roux (16h02m57s) e o tcheco Peter Kotland (16h17m07s).
3o dia de prova: 84km de corrida
A liderança alcançada no dia anterior e o fato de a corrida ser o seu ponto mais forte no triathlon fizeram com que o brasileiro largasse leve e confiante para a última etapa do ultradesafio: a dupla maratona. Assim como em 2008, ele e o esloveno Kregar correram lado a lado por quase 70km, mas neste ponto o brasileiro sentiu o peso do terceiro dia de esforço supremo, passou mal, vomitou muito e o esloveno assumiu a ponta.
O esloveno completou os 84km de corrida em 6he 20m, e Ribeiro cruzou em segundo, dez minutos depois, cravando 6h30m. Apesar de ter feito o segundo melhor tempo da ultramaratona, Ribeiro, contabilizando os tempos das etapas anteriores, garantiu o título de mais uma edição do Mundial de Ultraman.
Sobre o Ultraman brasileiro
Paranaense radicado no Rio de Janeiro, 44 anos de idade e 26 de carreira, Alexandre Ribeiro é apaixonado desde sempre por provas longas e de endurance. O atleta tem mais de 30 ‘ironmans’ no currículo, sendo 13 mundiais só no Havaí. Nos últimos quatro meses, ele vinha treinando forte e exclusivamente para esta edição do Mundial de Ultraman. Por dia, eram cerca de oito horas de treinos e, por semana, ele chegava a cumprir um total de 30km de natação, 600km de ciclismo e 200km de corrida. Ribeiro considera Big Island, no Havaí, sua segunda casa devido à quantidade de vezes que já esteve lá treinando ou competindo. A estreia foi em 1984, quando, aos 18 anos, começou sua corrida atrás de pódios e recordes. Naquele mesmo ano, ele já foi o atleta mais jovem inscrito no Campeonato Mundial de Ironman, que compreende 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida.
Sobre a competição
Para quem se espanta com as distâncias e tempos de uma prova de Ironman, vale lembrar que a distância de um Ultraman é mais do que o dobro da de um Ironman. Considerado o maior triathlon do planeta, o Mundial de Ultraman no Havaí envolve 10km de natação, 421km de ciclismo e 84km de corrida, disputados ao longo de três dias. Além das distâncias, os competidores enfrentam grandes oscilações de temperatura, que podem chegar a 42 graus, ventos de até 40km/hora, chuva e umidade alta (em torno de 80%), condições que contribuem para aumentar ainda mais o grau de dificuldade da prova.
A competição é realizada em uma variação de altitude que vai do nível do mar a até dois mil metros. Cada etapa da prova deve ser concluída em, no máximo, 12 horas. Os competidores que não conseguirem cumprir o percurso do dia nesse período de tempo são automaticamente desclassificados.
Para participar da extenuante competição, os candidatos a competir na prova têm de ter seus nomes aprovados pela organização e, para tanto, têm que apresentar um currículo daqueles, provando serem capazes de se submeter ao desafio. Daí o número tão reduzido de competidores. É, sem dúvida, uma oportunidade para poucos. Outra curiosidade que vale ser ressaltada é que o Mundial de Ultraman não distribui qualquer premiação em dinheiro, apenas o título e um troféu. Mas para atletas como Alexandre Ribeiro, viciados em aventura e adrenalina, não há nada mais gratificante do que testar os limites do próprio corpo ano após ano e cruzar mais uma linha de chegada.
Outras informações no site oficial da prova: http://www.ultramanlive.com/
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